quinta-feira, 12 de junho de 2014

Na abertura da Feira, prefeito e autoridades são vaiados

A Fenadoce 2014 iniciou no dia 4 de junho, mas a abertura oficial ocorreu no dia 5, às 20h30. Na solenidade, autoridades municipais e estaduais estavam presentes para marcar oficialmente o início da Feira. No entanto, uma situação constrangedora para os políticos que estavam no palco aconteceu: ao serem anunciados os nomes do prefeito Eduardo Leite, de sua vice, Paula Mascarenhas, dos deputados Fernando Marroni e Nelson Harter e do vice-governador do estado, Beto Grill, vaias ecoaram na praça de alimentação.



Apesar das manifestações se dirigirem a todas as autoridades presentes, um político em especial foi o alvo: o prefeito Eduardo Leite (vídeo acima). Grevistas do Sanep e do Simp vaiaram o chefe do executivo municipal, já que as categorias estão tentando negociar com a prefeitura reajuste salarial. As negociações não progridem, uma vez que, como já anunciou o prefeito, não haverá negociação enquanto os servidores estiverem em greve. Tal situação, agravou ainda mais as relações entre sindicalistas e a prefeitura, o que rendeu a Eduardo Leite protestos e vaias em plena abertura da Feira. 

O protagonista da festa

Falar em Fenadoce é falar em doce. Saiba um pouco mais sobre os astros da festa


A Fenadoce tem diversas atrações, mas nenhuma delas é tão importante quanto os doces. A cidade de Pelotas, que sedia a feira, é conhecida pelo título de capital nacional do doce e mantém a tradição doceira portuguesa, que também se transformou no decorrer dos anos com a influência pelotense e brasileira, gerando uma cultura única em torno do doce.

A 22ª edição da Fenadoce traz uma novidade. Doceiras de Aveiro, região de grande tradição na produção doceira portuguesa, estão fazendo parte da feira. Dois doces muito conhecidos dos brasileiros têm na sua origem os conventos da região de Aveiro: o ninho e os fios de ovos. A doceira Núbia Santos, do Doces Janjão, ensina como fazer estes dois doces e você pode conferir no vídeo a seguir:




A tradição do doce português vem de muito tempo atrás. São os chamados doces conventuais, que deram origem ao ninho, aos fios de ovos e a praticamente todos os doces vendidos nas doçarias pelotenses e da região. Os doces conventuais tiveram origem em meados do século XV nos conventos portugueses. A maioria tem no açúcar e na gema de ovo os seus ingredientes principais. Núbia também se dedica a estudar receitas antigas e tradicionais dos conventos portugueses e produzir os mesmos doces aqui no Brasil. Ela também falou um pouco do que sabe sobre os doces conventuais e você pode conferir neste vídeo:




Núbia também contou um pouco sobre os ingredientes de alguns dos principais doces que você pode encontrar na Fenadoce:






Quindim - É o doce mais procurado no Brasil.- É feito à base de ovos, coco e açúcar, assado em forminhas e banho Maria. Em Portugal é chamado de quindim Brasileiro.



Trouxinha de nozes- Feito à base de leite condensado, gema e creme de nozes, recheado com creme feito de gema de ovos.







Ninho de fios de ovos- À base de gemas puras. Feito em forma de rolinho de fios ovos recheados e enfeitado com confetes prateados




Bem casado – Formado por duas bolachinhas de pão de ló, de tamanhos iguais e com doces de ovos. Ele recebeu esse nome porque as duas bolachinhas ficam bem juntas no doce.





Camafeu - Feito com nozes, açúcar, gema, envolvido no glace, enfeitado com uma nozes chilena.







Fotos: Imagens da internet

Fotos da abertura oficial da Fenadoce

A abertura oficial da 22ª Fenadoce aconteceu na quinta-feira, dia cinco de julho de 2014. O evento contou, inclusive, com a presença do prefeito Eduardo Leite e da vice-prefeita Paula Mascarenhas, dentre outras autoridades. A seguir algumas fotos do dia:


Cidade do doce
Cidade do Doce
Cidade do Doce

Um dos corredores da feira
Estande da prefeitura de Pelotas

Formiga gigante símbolo da Fenadoce na cidade

Praça de alimentação, onde ocorreu a solenidade de abertura

Solenidade de abertura

Fotos: Hermeto Vianna

Uma doce história

Comi tanta pessegada, fios de ovos, bem casados...
E pasteis de Santa Clara, que fiquei cristalizado.

Foto: Imagem da internet



O trecho da música de Kleiton e Kledir ilustra bem o momento vivido por Pelotas uma vez por ano no mês de junho: o início da Feira Nacional do Doce. Nas ruas, a sensação de que a cidade respira e vive a Feira intensamente. Na programação dos pelotenses, é impossível não colocar na agenda nem que seja a intenção de visitar a Fenadoce, que neste ano iniciou no dia 4 de junho.

Tudo teve inicio no ano de 1986 quando o poder público em parceria com outras entidades, criou a Feira Nacional do Doce. No início, a Feira era realizada a cada dois anos e impulsionou a atividade doceira da cidade, o que oportunizou o crescimento de muitas empresas que já atuavam no ramo e o surgimento de outras. Depois de nove anos, em 1995, a Feira passou a ser conduzida e coordenada pela Câmara de Dirigentes Logistas de Pelotas (CDL). A partir daí, através de diversas iniciativas de marketing e também administrativas, a Fenadoce obteve um grande impulso e cresceu nos anos seguintes.

As primeiras edições da Feira, não possuíam endereço certo. A Fenadoce era realizada em vários locais da cidade, situação que perdurou até o ano de 2000. Nesta data, o evento pelotense passou a ser realizado nas dependências da antiga fábrica da CICA SUL, o qual foi comprado pela Câmara dos Dirigentes Logistas de Pelotas e batizado com o nome de Centro de Eventos Fenadoce.

Ao longo dos anos, a Feira cresceu em importância e a sua dimensão ultrapassou as fronteiras do Rio Grande do Sul. Alicerçada na tradição doceira da cidade – herança das culturas portuguesa, italiana e alemã – a Fenadoce expressa a relação de uma cidade e a ligação com as tradições herdadas dessas culturas. A história de Pelotas e a sua ligação com o doce se constituíram com a implementação das Charqueadas. A cidade era reconhecidamente um local de produção do charque e o desenvolvimento da atividade doceira se deu em virtude do transporte sul-nordeste.

Os navios que levavam o charque para o nordeste brasileiro traziam açúcar desta região e, ao retornarem ao Rio Grande do Sul, o distribuíam às cidades. Esta iguaria, inacessível a grande parte dos brasileiros, passou a ser transformada em doces nas casas pelotenses, já que a herança da tradição portuguesa predominava na cidade. Como Pelotas à época era uma cidade próspera, muitos industriários também importavam açúcar da região nordeste.

Os números da feira

Em 2013, segundo a organização da Fenadoce, 318 mil pessoas visitaram a feira e foram comercializados 2 milhões de doces.



quarta-feira, 11 de junho de 2014

Cobertura da abertura da Fenadoce 2014





Muito além dos doces



          A Fenadoce vem cada vez mais se confirmando como um espaço de artes e que dá espaço à artistas pelotenses




O atrativo principal da Fenadoce é, logicamente, o doce pelotense. Mas, além da arte culinária, Fenadoce também possui outros tipos de arte. Se o doce é o símbolo principal da feira, as formigas são a cara dela. As formigas gigantes, que atualmente já são conhecidas dos pelotenses e estão espalhadas pela cidade das mais diferentes formas, foram criadas em 2007, para a 15ª edição da Fenadoce.

Formiga da Churrascaria Lobão. Foto: Felipe Soares

Em alguns lugares, as formigas só aparecem quando a época da feira se aproxima. Já em outros, são um elemento presente o ano inteiro. É o caso da Churrascaria Lobão (foto anterior), que tem a sua formiga “vestida” para a Copa com as cores da bandeira brasileira. Outra formiga bem conhecida dos pelotenses está instalada no Mercado Público (foto a seguir), um dos prédios que mais representam a cidade.

Formiga no Mercado Público. Foto: Felipe Soares

O artista pelotense Claudio Soares recebeu no ano passado o convite da empresa pelotense Hercílio Calçados para personalizar uma dessas formigas gigantes, que é exposta na Hercílio Calçados sempre que a Fenadoce se aproxima. Claudio tem como marca pessoal a utilização de Pop Art em suas obras. O Pop Art surgiu na Inglaterra na década de 50 e tem como sua principal característica a utilização de cores vivas. Segundo o artista, foi isso que pesou na decisão da arte feita na formiga. “O Pop Art foi utilizado por se tratar de uma pintura com muitas cores, deixando assim a formiga mais alegre”, disse.

Formiga pintada por Claudio Soares. Foto: Claudio Soares

Para Claudio, o convite para pintar a formiga foi motivo de grande felicidade por dois motivos, o reconhecimento do seu trabalho e o desafio de fazer algo diferente. Considerando isso, acredita que o resultado foi muito satisfatório, afinal conseguiu atingir o objetivo de fazer uma formiga diferente e marcante. “É sempre de grande importância para qualquer artista este tipo de desafio e fico feliz porque consegui atingir o objetivo”, disse.

Um exemplo de força de vontade

Quem também gosta de desafios, é João Felipe da Silva Rodrigues. Ele tem 30 anos e teve paralisia cerebral no seu nascimento. Por isso, tem dificuldade de movimentos tanto nas pernas quanto nos braços, sendo quase paralítico. A vontade de pintar, porém, foi maior que as dificuldades. Começou a pintar em casa em cartolinas e, depois de algum tempo, começou a fazer aulas de pintura em tela. O grande desafio de João Felipe é que a única maneira de pintar é usando a boca.

João Felipe pintando uma de suas telas. Foto: Felipe Soares
 
A força de João Felipe é tão grande que a sua história se tornou um pequeno documentário em 2012. No mesmo ano, conseguiu realizar uma exposição no IFSul de Pelotas. Continuou seu trabalho e o auge foi alcançado este ano. Vai expor 25 telas na Fenadoce. A exposição vai acontecer no espaço Artes e Ofícios e os visitantes que estiverem na feira podem conhecer o trabalho e a o grande exemplo de João Felipe.